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VOCÊ É UM PERFECCIONISTA?



Muitas pessoas valorizam o comportamento perfeccionista, acreditando que apenas com um posicionamento onde desejamos de toda a forma o sucesso, nos empenhando ao máximo para acertar, é que conseguiremos nossos maiores objetivos. Perfeccionismo é, para muitas pessoas, sinônimo de sucesso, de autorrealização e até mesmo uma pessoa preocupada em melhorar-se cada vez mais. Observamos que essa é uma crença muito popular e corrente em nossa cultura, principalmente no Ocidente Moderno. Mas na verdade, o perfeccionismo muitas vezes vai de encontro à evolução pessoal e pode também provocar uma baixa produtividade. Além disso, pode ser um caminho para a depressão e até mesmo o suicídio.

Ao contrário do que muitos acreditam, o traço maior da per­sonalidade de um individuo perfeccionista não é a qualidade, a exce­lência, o auto-aperfeiçoamento, o crescimento pessoal, etc. Mas pura e simplesmente, uma tentativa obsessiva e recorrente de evitação de nossos erros, pelo medo de constatar a imperfeição inerente à condi­ção humana. Sua principal característica não é o desejo pelo su­cesso, mas o medo do fracasso. O Perfeccionista produz de forma a sempre evitar seus erros, pois temem de forma exagerada seus próprios limites. O Perfeccionismo não visa o crescimento pessoal, pois o perfeccionista não reconhece que, para se crescer, é necessá­rio dar um passo de cada vez. O perfeccionista deseja já ser perfeito, acertar a todo custo, fazer tudo corretamente. Para conhecer algo, é preciso admitir que há algo que não sabemos. Ele não admite jamais se colocar numa posição de não saber. Assim o perfeccionista não se esforça em se melhorar, mas em estar de acordo com o ideal de perfeição criado e sustentado por ele.

Assim, os objetivos do perfeccionista são focados no seu ideal de perfeição, na comparação com outros ou na busca da com­pensação de erros anteriores. O perfeccionista não tem um desejo e resolve realizá-lo, por sentir satisfação no seu objeto de desejo. O desejo do perfeccionista é corresponder ao seu ideal.

Existe uma crença central que move todo o comportamento perfeccionista. Ele acredita que apenas poderá ser aceito pelas pessoas caso seja impecavelmente perfeito, sem erros e sem fracas­sos. Ele estabelece uma relação fiel entre erro e aceitação. Além disso, pensa que qualquer desvio é suficiente para acabar com todo o seu projeto. Para ele, é “ou perfeição ou fracasso”, “ou tudo ou nada” e dificilmente alguém o convencerá de que seu trabalho está bom. O Perfeccionista cria um ideal de perfeição, no qual orienta toda a sua vida. Muitas vezes, acredita que precisa ser sempre o melhor, não admitindo em hipótese alguma estar abaixo dos outros. A busca não é pela vitória ou pelo sucesso, mas a fuga da derrota e dos erros.

Um pequeno erro é sempre superdimensionado. Os perfec­cionistas sempre enxergam mais seus erros que os outros. Um pe­queno erro ou falha é interpretado sempre como uma grande falha. Assim, uma característica evidente de um indivíduo, com uma atitude perfeccionista é a autocobrança. Não só ele se cobra muito, mas também é extremamente sensível a cobrança dos outros. Podemos até dizer que ele se cobra para que o outro não cobre dele. Apesar de muitas vezes não admitir, o perfeccionismo induz a uma excessiva preocupação com a opinião dos outros sobre si mesmo. Pelo fato de não admitir seus próprios erros, pelo medo de enxergar seus limites, o perfeccionista acaba tendo dificuldade de expor-se em situações que sabe que estará sujeito à crítica e a avaliação dos outros. Uma decorrência disso é a timidez. A pessoa com receio da avaliação dos outros acaba por fugir da exposição pública, e acaba atrasando a sua vida pelo medo de se colocar à mercê de críticas, pois estas pode­riam mostrar-lhe o seu lado que a todo instante ele se esforça por abafar.

O erro é parte integrante da vida humana. Não existem grandes realizações sem erros e tampouco grandes inovações sem erros. Para conquistar objetivos, precisamos arriscar, ousar, pisar em terrenos ainda não conhecidos e abrir novos campos. As maiores descobertas científicas vieram de situações onde se tentaram tantas vezes e tantos foram os erros, que cada caminho percorrido foi mos­trando o caminho certo, e a partir daí, chegou-se a um resultado satisfatório. O ser humano não precisa ter medo de errar, mas sim de não tomar as precauções necessárias quando se erra. Assim, o melhor não é aquele que nunca errou, mas sim aquele que consegue aprender com seus próprios erros e transformá-los em acertos.

Dissemos que o perfeccionismo vem de crença num ideal de perfeição. A característica principal desse ideal é que ele sempre é inatingível. Jamais o perfeccionista vai enquadrar-se dentro dele, pois a perfeição é, por definição, inatingível. O perfeccionista vive numa briga constante consigo mesmo para atingir aquilo que é impossível de ser atingido. O ideal é inacessível, pois ele contraria a própria condição humana sujeita aos seus próprios limites. O perfeccionista cria o inalcançável para depois sofrer por não conseguir estar de acordo com sua própria criação. Dessa forma, a insatisfação é uma marca que o identifica, pois ele sempre busca a satisfação naquilo que não pode ser conquistado.

Os relacionamentos são mais difíceis, pois o perfeccionista é bastante autocentrado. Está mais preocupado consigo mesmo do que com os outros. Os indivíduos mais difíceis de se relacionar com outros são aqueles que não enxergam os outros, mas apenas a si mesmos. Assim, encontram dificuldade em estabelecer vínculos. Não se entrega, não percebe os outros, por isso, não se doa, pois tem muito medo de se perder, de separar-se de si mesmo para acolher o outro.

Preocupam-se tanto consigo mesmos que não conseguem considerar os outros dentro de sua singularidade e particularidades, pois a auto-referência os impede de se colocar no lugar do outro. Exigem tanto de si mesmos que se vêem no direito de exigir também a perfeição dos outros. Ele pensa “se eu me esforço tanto para fazer tudo certo, o outro também deve fazer o mesmo.” Assim, a mesma cobrança que o perfeccionista faz em relação a si mesmo ele também faz para os outros.

Um dos comportamentos mais comuns é a valorização dos resultados. O seu ideal de perfeição sempre os induz a projetarem um objetivo tão grandioso que muitas vezes eles não conseguem al­cançá-lo, e aí se frustram. Eles não deixam de conseguir porque não tem capacidade para tal, mas porque estão sempre criando um de­sejo de realização além de suas capacidades, pela sua preocupação de serem sempre melhores, a cada tentativa. Além disso, por projeta­rem um objetivo tão grandioso, eles se desgastam, pois sentem que ainda há muito que percorrer, e na maioria das vezes, não começam algo, ou não terminam. Quando começam alguma coisa e sentem que aquilo deveria ser melhor, desanimam. A cobrança obsessiva pode até mesmo desgastá-lo a tal ponto que eles perdem a sua energia, se sentem insatisfeitos consigo mesmos e podem até mesmo, mediante sua própria interpretação dos seus erros, se sentirem sempre frustra­dos e perceberem que, por mais que se esforcem, jamais consegui­rão aquilo que querem.

Esse é, em verdade, o primeiro passo para a depressão. Alguns estudos sobre depressão falam sobre um tipo de reforço negativo que é assimilado pelo individuo depressivo. Este passou ou acredita que passou por tantas circunstâncias negativas e nada conseguiu fazer para resolvê-las. Por não encontrar saída para as situações negativas, ele se sente desesperançado de tudo, e deixa de acreditar que qualquer coisa que faz possa ter um desfecho posi­tivo. O mesmo acaba acontecendo com o perfeccionista que, em sua avaliação, por mais que se esforce, jamais conseguirá atingir o que ele deseja, que é corresponder ao seu ideal de perfeição.

Com a Terapia de Vidas Passadas, podemos identificar os momentos pretéritos onde esse comportamento perfeccionista se iniciou. Após esse reconhecimento, é necessário flexibilizar as cren­ças e as programações mentais que até hoje dão suporte a criação do ideal de perfeição. Muitas vezes, encontramos pessoas com vidas de muito luxo e riqueza e até hoje desejam continuar nesta condição, não conseguindo libertar-se do apego a esse contexto de vida. Em outras situações, vemos encarnações onde a pessoa cometeu certos erros que tiveram um resultado muito doloroso e em decorrência disto, não admitem colocar-se na posição de errar novamente.

Uma causa bastante comum de vidas passadas que geram o perfeccionismo são as existências onde uma pessoa foi excessiva­mente cobrada. Por conta das circunstâncias, ela deveria correspon­der a normas e ordens que lhe eram impostas, e o erro não era em hipótese alguma aceitável. Alguns escravos, servos ou pessoas que foram submetidos a trabalhos forçados eram praticamente impedidas de errar, pois o erro poderia lhes conduzir à morte. A excessiva cobrança e o medo persistente de errar podem ter cria um sentimento na vida atual de que o erro é algo perigoso, que deve ser evitado a todo custo, caso contrário, será nosso fim.

Outra causa comum do perfeccionismo são vidas onde a pessoa precisa manter com rigor a produtividade em seu trabalho, caso contrário, sua família passará fome ou sofrerá de alguma forma. Neste contexto, pode não existir ninguém nos submetendo a traba­lhos forçados, mas as próprias circunstâncias da vida nos colocam numa posição de ter que acertar sempre, pois se não for assim, algo de ruim pode ocorrer. Por exemplo, um homem que falha em manter sua colheita não conseguirá alimentar sua família; um soldado que perde uma batalha pode ser destituído do seu cargo e não ter mais dinheiro para sobreviver; um cavaleiro mercenário que não cumpre sua missão pode perder sua recompensa e não receber outras mis­sões que lhe geram quantias que permitem sua sobrevivência. Tudo isso pode levar uma pessoa a gravar que os erros podem ser grandes fontes de sofrimento, pobreza, desgraça e até morte. Por isso, eles procuram evitá-los a todo custo.

Estamos falando de vidas passadas, mas é certo que o perfeccionismo não muito grave pode, também, ser formado ou mais reforçado na vida atual. Indivíduos que ouvem, desde tenra infância, mensagens negativas de seus pais ou professores podem desenvol­ver uma autoestima baixa e insegurança, o que lhes desperta a necessidade de ter que provar algo aos outros. Um rapaz que desde criança ouve de seu pai que ele é “burro”; que é “incapaz”; que é “inútil”; que não será nada na vida; que a sociedade irá excluí-lo, etc, pode sentir-se tão desajustado que passa a viver mendigando a aprovação dos outros. A forma que encontra para isso é cobrar-se excessivamente e não errar jamais, a fim de querer passar uma imagem de que eu não sou fraco, eu não sou burro, eu não serei excluído, enfim, ele acaba sentindo que precisa demonstrar perfeição para suprir a insegurança criada pelas mensagens negativas dos pais sobre si mesmo.

Há também outras situações que podem resultar numa ati­tude perfeccionista, pois a noção de causalidade em TVP não é rígida como muitas pessoas acreditam, do tipo “Se vivi A então se segue B”. Mais importante do que a vivencia em si, é nossa postura em relação aos acontecimentos e circunstancias que a vida nos colocou. Alias, tudo em nossa vida é uma questão de postura, pois diante das mes­mas situações, algumas pessoas ascendem e crescem enquanto outras caem e perecem. Deixar-se envolver pelas situações negativas é fechar os olhos para o aprendizado que a vida está procurando nos fazer compreender. A simplicidade da vida consiste em deixar a vida fluir livremente, sem procurar deter o fluxo contínuo e harmônico da existência.

Autor: Hugo Lapa (Terapia de Vidas Passadas)