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A Lenda das Camarinhas


A camarinheira (Corema album) é um pequeno arbusto das dunas que, no Verão, produz entre os meses de Julho e Setembro pequenas bagas brancas comestíveis, com aspecto de pequenas pérolas, de fino sabor simultaneamente doce e ácido, as camarinhas. Há arbustos macho e arbustos fêmea, os frutos surgem apenas nas fêmeas. A camarinheira é endémica de Portugal e encontra-se também em matas baixas dos pinhais, no entanto, são exclusivas da costa atlântica da Península Ibérica, sendo no Pinhal do Rei que as encontramos em maior abundância.
A Tróia ainda tem algumas...



Reza a lenda que essas bagas são lágrimas cristalizadas da Rainha Santa Isabel, que chorava à procura do seu Rei enquanto caminhava pelos pinhais; e cada lágrima vertida, caindo na erva daninha, transformava-se em deliciosas pérolas.
D Dinis foi sem dúvida um bom rei, um lendário poeta, no entanto, como marido apesar de bondoso, não era muito dado a fidelidade, algo que fazia sofrer muito a Rainha D. Isabel.
Nos Paços, onde tudo se sabia, cedo chegou-lhe aos ouvidos mais um caso amoroso do Rei inconstante. Roída pelos ciúmes a Rainha pôs-se a cavalo para tentar encontrar o marido. Ao chegar perto de um rochedo entre o Pinha e o mar, lá encontrou o Rei com sua nova amada. De coração destroçado, os belos olhos da Rainha encheram-se lágrimas e chorou tanto que cobriu toda a vegetação ao redor de pequenas gotas.
E assim nasceu a Lenda das Camarinhas, em que no Verão aqueles pequenos arbustos cobrem-se de pequenos bagos brancos e agridoces em homenagem as lágrimas da Rainha Santa.

“Dizem que Santa Isabel
Rainha de Portugal
Montando branco corcel
Percorria o seu pinhal!

-“Ai do meu Esposo! Dizei!
Dizei-me, robles reais!
Meu Dinis! Senhor meu Rei!
Em que braços suspirais?!…

Os robles silenciosos
Do vasto Pinhal do Rei
Responderam receosos
– não sei!…

E o pranto da Rainha
Nas suas faces rolava,
Regando a erva daninha
No pobre chão que pisava!

– “ ó meu Pinhal sonhador
Que o meu Rei semeou!
Dizei-me do meu Amor
E se por aqui passou…"

Os robles silenciosos
Do vasto Pinhal do Rei
Responderam receosos:
– Não sei !…

Mas cristalizou-se o pranto
Em muitas bagas branquinhas
E transformou-se num manto
De brilhantes camarinhas!…

Eis que repara a Rainha
Numa casa iluminada…
– “Quem vela nesta casinha
Numa hora adiantada ?!…"

Os robles silenciosos
Tão tristes que nem eu sei,
Responderam receosos:
– O Rei!…”
Autor Desconhecido