A história do Xico Incendiário
Cada
vida dava uma novela, mais ou menos interessante mas repleta de
curiosidades. Tenho um amigo, o Xico Incendiário, que, ao contrário
do que o nome indica, não se dedica às cenas dos pirosos, ou lá o
que chamam ao fogo posto, mas é simplesmente um gajo porreiro pá
que se dedica ao gamanço. Ele diz que é “arrumador”, ou seja
que arruma coisas que ele acha que estão mal arrumadas.
O
Xico fazia parte da minha tribo, e desde pequenino mostrou dotes de
artista. No ATL gamava os lanches aos colegas mais pequenos, na
Escola Básica eram os telemóveis e as Nintendos, e, no 5º ano, já
o Xico tinha 18 anos, gamava carros e motas aos professores. Já era
o nosso idolo, tinha o factor X.
Tive
uns tempos sem o ver, porque mudei da Bela Vista para o Casal Ventoso
e gamaram-me os contactos. Só mais tarde soube dele, e este é o
relato da coisa.
O
Xico teve problemas com a justiça, e foi preso várias vezes. Uma
vez foi apanhado em flagrante quando assaltou uma velha e lhe roubou
m saco de plástico. Lá dentro estava um frasco com mijo da velha,
para fazer análises.
Quando
foi dentro conheceu o China e o Pica Miolos, e, entre os tres
estudaram o roubo duma piscina, mas correu mal e foi dentro outra
vez.
Farto
de sociedades, o Xico decidiu dar o grande golpe, sozinho, e assaltou
o banco de Portugal. Como o banco não tem dinheiro, a segurança não
é muito apertada, e ele pensou dizer que era da judite e
simplesmente entrar. A verdade é que conseguiu, mas diga-se que foi
ajudado pelo aspecto retardado que tem, imitando bem a maioria dos
agentes da judite. No cofre do Banco de Portugal, e não vendo
dinheiro, pensou agarrar papeis e documentos, que meteu num saco do
Continente, e pirou-se. Foi aí que a sorte o abandonou. Acho que foi
por causa do saco de plástico. Mas o pior estava para vir, é que
quando foi a tribunal os gajos do banco não queriam que ele
devolvesse os papeis. Parece que tinha roubado a divida pública, e o
governador do banco disse: tá roubado tá roubado!, e soltaram o
Xico.
Ele
agora anda muito desgostoso, porque tem uma divida do caraças e está
entalado. Depois conto o resto.
Jarro Martins