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A caricatura da Republica



Vejam vossorias o que eu faria se fosse o sr. marquez de Pombal, subscreve o
Zé Povinho!
Ao invés de apontar a expulsão dos jesuítas, indica o caminho que deseja à família
real e aos políticos.
A caricatura de Rafael Bordalo Pinheiro, retrata o famoso quadro de Carvalho e
Melo rodeado dos planos da reconstrução de Lisboa.
Demolidor das caducas estruturas de uma monarquia decadente e entusiasta pelo
então nascente Partido Republicano, Bordalo Pinheiro, criou uma das mais felizes
caricaturas, o Zé Povinho representada no seu jornal humorístico O António
Maria de 11 de Maio de 1882.
Pombal/Zé Povinho está rodeado de jornais republicanos entre os quais O Século,
a Folha do Povo, a Folha Nova, em substituição dos planos de reconstituição
da cidade de Lisboa. Sobre a mesa está o plano de Ensino Livre, por detrás,
ergue-se não a estátua de D. José, mas sim a liberdade em que o cavalo lateral é
Fontes e o elefante o conselheiro Arrobas.
Num desenho incisivo e crítico retrata a figura do 1º Conde de Oeiras mas não visando
directamente a personagem do político. Adquiriu particular projecção no final
do séc. XIX, e é elevado a herói nacional pelos republicanos. As comemorações do
centenário da morte do Marquez, foram o pretexto para um duplo movimento de
educação cívica e combate político. Tratou-se de uma tentativa da pequena burguesia
urbana associada aos republicanos de criar uma opinião politica coesa e imbuída
de novos valores. Assim, tendo os monárquicos pretendido ignorar o centenário, o
jovem Partido Republicano Português colheu sozinho os louros das tão ansiadas
festas, tal era a vontade de intervir na vida politica.
Expressão de critica social e emblemática insígnia, a caricatura marcou o fim da
monarquia. }

Texto CÉLIA FLORÊNCIO . celia.florencio@cm-oeiras.pt