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Quando Portugal enganou o Papa com um Rolls-Royce





O Rolls-Royce Phantom III de 1937 da colecção do Museu do Caramulo guarda consigo grandes histórias, pois antes de figurar nesta colecção, esteve ao serviço da Presidência da República, tendo transportado as maiores figuras de estado que visitavam Portugal enquanto este esteve em serviço.



Produzido de 1936 a 1939, em 710 unidades, foi o último Rolls-Royce de luxo fabricado antes da guerra e também o único V-12 da marca até então.

Com vista à recepção na visita da Rainha Isabel II a Portugal (Fevereiro de 1957), o Presidente da República, General Craveiro Lopes, decide adquirir um Rolls-Royce descapotável. É para tal enviado a Inglaterra Harry Rugeroni, que não consegue comprar, em novo, o desejado modelo, optando pela solução de aproveitar o antigo Rolls-Royce, do Príncipe de Berar, que tendo regressado a Londres, em 1950, fora expurgado de todas as fantasias do nobre indiano.

O príncipe tinha comprado este exemplar em 1937, tendo encomendado à Windovers uma carrosserie especial, tipo Cabriolet, adaptada e recheada de acessórios para a caça como faróis, porta-armas, estribos e tudo o mais, que acabaram por transformar esta linda carrosserie, pintada de branco, num carro exótico e invulgar.

Em 28 de Março de 1957 recebeu a matrícula DD-30-92, passando a estar ao serviço da Presidência da República, tendo transportado personalidades como o Presidente Eisenhower e os Papas Paulo VI e João Paulo II.

Aquando da visita do Papa Paulo VI a Portugal, este expressou que não desejava ser transportado num Rolls-Royce, alegando que este era um automóvel muito ostensivo, situação que não assentava muito bem a um líder da Igreja Católica.

O Estado Português não quis desiludir Sua Santidade, mas não havendo outro automóvel para este tipo de serviço foi obrigado a empregar o Rolls-Royce Phantom III na mesma, descaracterizando-o com a substituição do seu símbolo pela bandeira do Vaticano e a sua grelha pintada de preto, incluindo o logótipo que esta ostenta à frente.

A visita do Papa era muito curta e não sendo ele também especialista em automóveis, correu tudo bem. O Estado Português satisfez assim a vontade do Papa, sem que este tivesse percebido que tinha estado dentro de um Rolls-Royce durante todo o tempo.