Na
semana em que o rock perdeu o teclista e fundador, Ray Manzarek,
recordamos algumas das criações mais emblemáticas do grupo do Rei
Lagarto.
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"The End" (The Doors, 1967)
Escrita originalmente como despedida de uma antiga namorada, a canção
"The End" cedo ganhou proporções épicas e controversas - por causa dos
versos em que Jim diz querer por em prática o mito de Édipo, mas também
por causa da própria estrutura da canção, influenciada pelas ragas
indianas e longa em duração. A utilização do tema por Francis Ford
Coppola em Apocalipse Now deu-lhe a moldura definitiva.
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"People Are Strange" (Strange Days, 1967)
Reflexo da alienação que Jim Morrison conseguia por vezes sentir,
"People Are Strange" era uma canção sobre os outsiders que a década de
60 produziu. Era igualmente um tema onde se sentiam as influências da
velha Europa. Em 88, os Echo & The Bunnymen fizeram uma reverente
versão que foi incluída no filme The Lost Boys.
"Love Me Two Times" (Strange Days, 1967)
A dose dupla de amor pedida por Jim Morrison sobre um tema que se
inspira nos blues refere-se a um hipotético soldado ou marinheiro antes
de embarcar para a guerra. Com o Vietname a decorrer nesta época, é
fácil perceber a quem se destinava este tema. A rádio na altura achou a
canção um pouco marota demais...
"Hello, I Love You" (Waiting For The Sun, 1968)
Este é o tema que motivou as acusações de plágio: as semelhanças com
"All Day and All Of The Night" dos Kinks são evidentes, mas Robby
Krieger afirmou que a principal inspiração para este tema veio de
"Sunshine of Your Love" dos Cream. Seja como for é uma belíssima canção
servida por um explosivo arranjo carregado de distorção.
"Love Street" (Waiting For The Sun, 1968)
Jim referia-se à rua em que vivia com a sua namorada, Pamela, como "Love
Street". Laurel Canyon era, pelos vistos, local de passagem regular de
jovens casais hippies e isso motivou o baptismo alternativo a Rothdell
Trail, o verdadeiro nome da rua.
"Shaman's Blues" (The Soft Parade, 1969)
Mais uma exemplar produção de Paul Rothchild que enquadra na perfeição
as tendências teatrais da interpretação de Jim Morrison com uma canção
com uma propulsão quase jazzy (sobretudo na bateria). É um tema que fala
de um xamã que perde a mulher que ama. Nem a magia o salva...
"Roadhouse Blues" (Morrison Hotel, 1970)
Este é um daqueles temas que, literalmente, cria guitarristas. Com um
riff propulsor absolutamente fantástico, este é um dos mais altos
momentos da carreira da banda de Los Angeles, Califórnia. Tornou-se,
claro, um tema obrigatório nos concertos dos Doors e a versão ao vivo é
mesmo apontada como uma das melhores interpretações musicais de sempre. O
exagero é perfeitamente aceitável neste caso.
"Peace Frog" (Morrison Hotel, 1970)
"Peace Frog" é um dos momentos mais descarados de rendição ao "groove"
r&b na discografia dos Doors. É igualmente um tema negro que fala de
"sangue nas ruas". Talvez por ser tão sangrenta, esta canção era tocada
insistentemente para as tropas deslocadas no Vietname.
"Love Her Madly" (L.A. Woman, 1971)
Para um grupo conotado com a abertura das portas da percepção e
sintonizado com um certo misticismo alucinado, os Doors também
conseguiam ser extremamente directos, transparentes e ligados à
realidade factual: este single do último álbum da banda com Jim Morrison
versava sobre a namorada de Robby Krieger e as inúmeras vezes que ela
ameaçou bater com a (perdoem esta...) porta.
"Riders On The Storm" (L.A. Woman, 1971)
Talvez o melhor momento da discografia dos Doors, este tema tem uma aura
sobrenatural obtida não apenas pelos sons de tempestade, mas também
pelo facto de Jim ter sobreposto a sua voz a sussurrar as letras por
cima do take de voz principal. E o piano eléctrico de Manzarek é
absolutamente perfeito. Esta foi a última canção gravada pelos Doors. Se
todas as despedidas fossem assim...