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Carlos Paredes " O Genio da Guitarra Portuguesa "




«Enorme, desajeitado, com o seu eterno sorriso tímido de quem pede desculpa de existir. Sentou-se, aconchegou a guitarra a si, agarrou-se à guitarra e a guitarra a ele, passaram a ser um corpo único, um só tronco de música e de raiva, de sonho e de melodia, de angústia e de esperança, exprimindo por sons tanta coisa que nós não tínhamos palavras para dizer» - José Carlos de Vasconcelos recordava assim Carlos Paredes após ter assistido, no Teatro Avenida, na Coimbra dos anos 60, a uma inesquecível festa da Tomada da Bastilha que comemorava também o dia do estudante.

Carlos Paredes nasceu em Coimbra a 16 de Fevereiro de 1925, filho e neto respectivamente de Artur e Gonçalo Paredes, dois grandes nomes da guitarra portuguesa. A influência familiar leva-o a abarcar o estudo da guitarra portuguesa, como refere o instrumentista: “foi com o meu pai que eu aprendi a tirar da guitarra sons mais violentos, como reacção ao pieguismo langoroso a que geralmente a guitarra portuguesa estava ligada”. Viria a impor um novo estilo na interpretação da guitarra portuguesa, o que o viriam a tornar, senão num símbolo do próprio país, num símbolo deste instrumento.
Aos nove anos vai morar para Lisboa. Terminado o Liceu, ingressa no Instituto Superior Técnico, mas não chega a terminar o curso.
Em 1957, edita o seu primeiro disco e três anos depois a música é utilizada como banda sonora no filme “Rendas de Metais Preciosos” de Cândido da Costa Pinto.
Em 1962 compõe um dos seus mais belos temas, “Verdes Anos”, uma encomenda de Paulo Rocha para o filme com o mesmo nome.
Na década de sessenta, compõe para cineastas como Pierre Kast e Jacques Doniol-Valcroze, Jorge Brun do Canto, Manoel de Oliveira, António de Macedo, José Fonseca e Costa, Manuel Guimarães e Augusto Cabrita.
Em 1967, edita “Guitarra Portuguesa”, o seu primeiro disco de 33 rotações com Fernando Alvim à viola.
Quatro anos depois é a vez de “Movimento Perpétuo”.
Entregando-se à revolução de 1974, tocando em diversos pontos do país, só em 1988 volta a editar um disco: “Espelho de Sons”.
Trabalhou toda a vida como funcionário do Ministério da Saúde.